Angola vai contar até Abril (para além dos emblemáticos 20 milhões de pobres) com mais duas fábricas de lapidação de diamantes, uma em Luanda e outra na Lunda Sul, esta última estimada em 10 milhões de dólares, anunciou hoje a Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam).
“S e pensarmos que queremos ter na fábrica de Saurimo (Lunda Sul) cerca de 200 trabalhadores e evoluir para mais de 300, acreditamos que o investimento andará à volta dos 10 milhões de dólares (8,7 milhões de euros)”, disse hoje o presidente do Conselho de Administração da Sodiam, Eugénio Bravo da Rosa.
Falando aos jornalistas no final da cerimónia de inauguração da nova fábrica de lapidação de diamantes, liderada pela Stone Polished Diamond (SPD), onde a empresa pública tem uma participação de 10%, Eugénio Bravo da Rosa assegurou que Luanda deve também contar, até Março, com uma nova fábrica.
Segundo o presidente da Sodiam, a participação de 10% na SPD, empresa que é uma parceria público-privada, orçada em cinco milhões de dólares (4,35 milhões de euros), surge para “dar espaço à iniciativa privada, com a Sodiam a dar apenas o respectivo suporte”.
“Vai contribuir para a venda dos diamantes brutos que vão ser necessários para garantir a continuidade desta unidade fabril de lapidação de diamantes”, afirmou.
Eugénio Bravo da Rosa garantiu igualmente que, em Angola, existem mais espaços para acomodar novas empresas do sector, estando previsto para Luanda, em Março, o início da construção de uma nova fábrica de lapidação com maior capacidade do que a que foi hoje inaugurada.
“Terá uma capacidade de lapidação superior e temos espaço para acomodar mais fábricas. Está já projectada uma para a Lunda Sul, que pensamos começar a construir no mês de Março ou Abril”, assegurou.
A par do Estado, adiantou, têm também participações na SPD a segunda empresa angolana de lapidação de diamantes e empresários sul-africanos.
Os diamantes que contentam os… outros
A receita bruta da comercialização de diamantes em 2018 em Angola atingiu os 1.223 milhões de dólares (1.065 milhões de euros), menos 10% no volume, mas mais 11% na receita, comparando com 2017, anunciou hoje a empresa diamantífera estatal.
Fernando Amaral, administrador da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam), falava aos jornalistas depois da apresentação dos resultados da comercialização diamantífera relativo ao quarto trimestre de 2018, numa conferência de imprensa no Ministério dos Recursos Naturais e Petróleos angolano.
Segundo Fernando Amaral, o montante é representativo da venda de 8,4 milhões de quilates de diamantes, oriundos das explorações diamantíferas da Lunda Sul (89,2%) e da Lunda Norte (10,8%).
Nos últimos três meses de 2018, segundo o administrador da Sodiam, comercializou-se um volume total de 2,5 milhões de quilates, um aumento de 2% em relação a idêntico período de 2017.
A receita bruta da comercialização totalizou 381 milhões de dólares (331,3 milhões de euros), o que representa um aumento de 19% (63,2 milhões de dólares – 54,9 milhões de euros) em relação ao último trimestre de 2017, com o preço médio do quilate a rondar os 152 dólares (132 euros).
Segundo Fernando Amaral, as perspectivas para 2019 são as previstas no Plano Nacional de Desenvolvimento (PDN) 2018/2022 – a meta de produção de 13 milhões de quilates anuais -, “pelo que há uma grande evolução a concretizar pelo caminho”.
Para o administrador da Sodiam, a evolução passa, em primeiro lugar, por optimizar o que existe actualmente em termos de produção, bem como por fazer novas descobertas e pôr novas minas a funcionar.
“Estamos a pensar na mina de Luó, acho que será uma grande valia, uma grande mais-valia, que, pelo que estamos a ver agora, será talvez um dos maiores kimberlitos que temos”, exemplificou.
Questionado sobre o facto de a actual produção estar localizada 100% nas Lundas (Norte e Sul) e se há a intenção de variar a prospecção para outras províncias, Fernando Amaral admitiu que estão em estudo os solos no Bié, Cuando Cubando e Cunene, “onde existem indícios de ocorrências kimberlíticas”.
“Geologicamente falando, nós temos diamantes no solo cristalino em toda a Angola. O solo cristalino compreende toda a parte interior do país, com excepção do litoral, em que temos as bacias do terciário cretáceo, onde aparecem as bacias petrolíferas. Mas no interior, o solo cristalino, que é mais antigo, tem muitas ocorrências kimberlíticas e aluvionares”, explicou.
“Isto significa que, a médio termo, e já existem agora alguns projectos espalhados por outras províncias, vamos ter de pensar em evoluir para aí. Claro que isso passa por uma série de trabalho científico que também tem de ser desenvolvido pelas empresas, porque é tudo baseado nisso. Mas há grandes possibilidades de evolução nas províncias do Bié, Cuando Cubango, Cunene”, acrescentou.
Sobre o leilão de sete pedras preciosas especiais em bruto realizado em fins de Janeiro, que rendeu 16,7 milhões de dólares (14,5 milhões de euros), Fernando Amaral manifestou-se optimista em novas iniciativas idênticas, salientando que o mercado diamantífero angolano começa a ganhar cada vez maior credibilidade internacional.
“Temos de ser mais transparentes. Quanto mais transparentes, melhor, não temos nada a esconder. Queremos acima de tudo atrair investimento estrangeiro, porque quem produz quer vender”, referiu, indicando que o futuro, para já, não passa por mais operadores, mas sim pela optimização do que já existe.
“O mais importante para nós é a optimização da produção actual. […] Temos de ver como as minas estão a produzir, maior eficiência, temos de ver em termos orgânicos como estão as minas estruturadas e, além do mais, fazer novas descobertas, pôr novas minas a funcionar”, insistiu.
Folha 8 com Lusa